Em minha cabeça montam-se as ideias que outrora eram os cacos do meu desespero. E na tinta, escorro dezenas de segredos que jurei ter, verdades que acreditei ser, de histórias que ainda vou viver. Em seu oposto, meus pés se agarram firme à movediça areia que carrega meus pensamentos, retomando seu profundo lugar de origem: eles não existem mais.
No ar sente-se o gosto ácido da minha voz, que corroeu outros medos nos inúmeros silêncios da minha vida. Sou o que ainda não vivi, os medos que não tenho, os lábios que não beijo. A fantasia escapa das pontas dos meus dedos até os olhos que não me veem, como o grito que abandonou a garganta por preguiça de esperar.
Sou o que acreditei ser em tantas vezes que me afundei nos outros. Embaracei expectativas quando não haviam palavras para contar de mim, sobre mim. Sou os outros em suas secretas vontades, seus mundanos devaneios, seus velhos esconderijos. Calada, descanso meus pés na sorte. Estou bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
say what you will say