O tempo brinca de acumular arrependimentos. Eu pensei que era mentira da minha mãe, coisa que gente mais velha só fala pra assustar os outros, sei lá. Mas é verdade. Daí que eu volto de vez em quando pro mesmo lugar, tentando enganar os dias que já se foram, tentando fingir que os meses não passaram. Faço tudo isso pra me magoar mais, pra viver tudo de novo, ou só pra sentar no concreto e balançar os pés enquanto o mundo em volta continua. Eu fico lá, batendo os calcanhares no degrau, ouvindo as conversas abafadas e até rindo do que as árvores sabem. Eu fico lá, pensando nos erros que entreguei nas mãos alheias enquanto tudo o que eu queria era crescer.

O tempo brinca de acumular sentimentos.