Foi a única coisa que eu pedi.
Eu já estava na metade do caminho para o estacionamento quando ele me chamou de novo. O dia não era dos melhores; uma típica segunda-feira onde o tempo não passa enquanto você implora para que as horas desapareçam. Ouvi meu nome quando o céu começava a desabar em pedacinhos. Não queria voltar, mas precisava.
A nossa discussão tinha ido longe demais dessa vez. Proferi ofensas imaginárias, desatei cada ponto fraco. Eu só queria um pouco mais de respeito enquanto ele me olhava meio boquiaberto. Acho que a gente não tinha se dado tempo suficiente para conhecermos um ao outro. Tudo bem, as coisas eram recentes, talvez merecêssemos uma segunda chance depois de tanto tempo desperdiçado.
Ele se importava comigo de um jeito diferente. Quando eu me virei, não sei se vi desespero ou alívio... Podia jurar que eram as duas coisas. Eu voltei a passos lentos pra que ele tivesse uns segundos pra preparar o discurso. No final ele balbuciaria meia-dúzia de palavras e eu ia falar um "é, tá bom então". Queria que acabasse logo.
O discurso não veio, nem a bronca, nem as perguntas. Ele me desarmou na frente de um mundo alheio aos nossos problemas. Ali, debaixo daquela chuva gelada, o beijo dele me surpreendeu como tantas outras coisas que ele já havia feito. Estávamos vivendo uma parte que prometemos deixar pra mais tarde.
"Não me faz gostar assim de você."
Foi a única coisa que eu pedi.
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