4.8.11

Simplesmente...

Hoje não quero por aqui nenhuma literatura barata da minha cabeça fraca. Não quero ter inspiração para escrever. Hoje eu resolvi fazer diferente. Quero ser piegas, tiete, não sei, mas não quero ter inspiração nenhuma para falar de outro assunto senão o agradecimento. Não sei a que ponto cheguei. Não sei quantos pensamentos vieram e se foram nesse tempo em que me calei. Não sei e não quero saber.
Quando abri essa página ontem, bem cedo, decidi que já era hora de agradecer. Em mente, me veio a família, os amigos. Pessoas especiais que em nada têm de especiais para as outras pessoas que não me conhecem. Tenho muitas coisas sobre as quais quero falar. Coisas essas que me fazem pensar o quão ingrata eu tenho sido.
Antes de todas elas, preciso dizer a mais importante: muito obrigada à minha família. Sei que por mais que eu passe noites ensaiando, pensando como seria se dissesse isso pessoalmente, as palavras soariam sem nenhuma entonação, eu não saberia escolhê-las, e minha voz ia secar até me deixar sem-graça na frente deles. Não sei me expressar muito bem. Estou há dias tentando mover as palavras desse texto na minha cabeça, e olha só como ele stá saindo... Bom, sei que decepcionei muita gente com as minhas escolhas, mas nem por isso devo deixar de agradecer. Decepção... mata sim, muita gente.
Outras pessoas as quais eu devo muito: meus amigos. Àquele que um dia desses me falou umas coisas que de novo colocaram meus pés no chão, e além disso, me fizeram enxergar que eu sou sim capaz. Eu sou dependente desse amor que eles têm por mim. E eu digo isso sem nenhum medo de ser prepotente. Amor recíproco não é prepotência. Àquela que vai ficar longe, àquela que eu conheço há quase quatro anos e nunca vi pessoalmente, e que mesmo assim sabe exatamente o significado da palavra "porto seguro". Àquele que inventa as melhores siglas, que vai sempre conseguir superar o dia anterior. Àquele que diz que meu short é de pano de cortina... Àquela que me entende só por eu falar o nome de uma música. Ninguém entende melhor de uma banda do que nós duas. Àqueles que eu conheci por uma obra perspicaz do destino, que me tirou um pedacinho e encaixou outro às pressas, para que a saudade não me matasse de imediato... Àqueles que eu conheço há 8,9 anos. Nesse parágrafo, citei pelo menos 40% das minhas dívidas.
Por fim, e não menos importante, quero agradecer a quatro pessoas em especial. Ontem eles conseguiram me mostrar aonde eu queria chegar no final desse texto que estou deixando aqui como registro dos poucos e marcantes momentos que eu vivi até agora. Foram dezessete anos que não se comparam a nada, mas que não devem jamais ser esquecidos. Esse último parágrafo eu dedico a um grupo que nem vai ler esse texto, como muitos dos demais citados também não vão. Dedico ao Felipe, ao Rodolfo, ao Benetti e ao Frederico. Sei que a única participação minha na vida deles foi sentada em alguma cadeira da platéia, as vezes longe, as vezes perto, por cinco anos inteiros. Cresci acompanhando de longe a batalha dos quatro para viver por aquilo que eles mais amam. Um dia (num passado poquíssimo distante), precisei formular uma entrevista para um trabalho da faculdade. Péssima época da minha vida. Meus pés se equilibravam em ovos. Quem me mandou escolher um curso em tão pouco tempo, sair no meio do ensino médio, achar que já tinha maturidade suficiente para sobreviver à guerra dos universitários? Tudo bem...
Decidi que a entrevista seria sobre uma das coisas que eu mais idolatrava: o teatro.
No dia da entrevista, muitas coisas haviam dado errado mais cedo, e eu não estava contando com o tempo ao meu lado. Cheguei em casa na hora marcada, nem um minuto a mais, nem um a menos. Disquei o número, esperei, e finalmente consegui falar com um deles. O Rodolfo. Eu, cansada, nem parei pra prestar atenção na falta de nexo das minhas perguntas. A vergonha que eu sentia, o medo de ofender... Pouca coisa antes da última pergunta, percebi que estava no curso errado, que paixão e profissão nem sempre podem andar juntas. Lancei a última questão para encerrar a matéria, decidida a conversar com a minha mãe quando acabasse o semestre. Ia dizer a ela que queria desistir.
A pergunta era exatamente aquela que soava no meus ouvidos a algumas semanas: O que vocês diriam às pessoas que não acreditam no futuro dos próprios projetos?
Ele foi prático, simples. "Que elas mudem de opinião. Se a própria pessoa não acredita no futuro dos projetos, quem vai acreditar por ela? E se não há fé no que está sendo feito, planejado, a pessoa se torna reclamona... Não vê vantagem em nada. Meu pai sempre dizia que já bastam os problemas normais da vida, então pra que inventar problemas piores? Todo mundo deve aceitar as mudanças, estamos sempre sujeitos à elas. Seguir em frente e acreditar faz parte disso".
Termino esse texto por aqui, encaixando à essa resposta todas as coisas que me foram ditas dentro desse mês. Todas essas tais mudanças que alimentaram minha fé... em mim. Não sei até onde esse grupo de teatro acredita que mudou a vida das pessoas, mas para mim, eles foram fundamentais na escolha do meu caminho. A todas as pessoas que eu disse hoje, muito obrigada. Não seria nem metade de um grão de areia sem o apoio de vocês.

Maria Elisa.

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