O segredo era tão eminente que nem me dei ao trabalho de contá-lo a ninguém.Fiquei com ele guardado,esperando um não sei o quê que não vinha nunca e que trabalhava a minha paciência como se lapida um diamante.Minha ansiedade,é claro,sempre participativa,me fazia olhar para os lados a cada dois minutos.Tudo bem,talvez fossem dois segundos,não vem ao caso agora.
Eu torcia os dedos na noite estranhamente fria de um mês tão seco,sorrindo um pouco,mas não como eu costumava sorrir antigamente.Parecia que a minha boca ia gritar a qualquer momento,e as vezes escapulia dela um pedacinho do refrão que soava alto pelos ouvidos de sei-lá-quantas mil pessoas.A minha animação era enganação demais.
O meu riso,forçado,me fazia querer parecer bem humorada,então eu repetia aquela piada que todo mundo tinha achado engraçada,mas eu não.Eu ria por conveniência,como se martelassem um espelho dentro de mim.Eu tinha para onde correr?
O grito veio pra dentro,sufocando imperceptivelmente os meus sentidos.Eu precisei sair dali,jogando desculpas esfarrapadas difíceis de serem aceitas,eu não as queria aceitar,mas fiz com que aceitassem mesmo assim.Eu só precisava ficar sozinha.
E ainda estou.
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