28.4.09

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Gosto de mentir,de rir e de chorar.Gosto de gostar,porque gostar é tão gostoso que me faz gostar ainda mais;
Gosto de ser e de não ser,porque também gosto de fingir,de sim,de não e de não sei;
Gosto do mais ou menos,do de vez em quando,do nunca.Gosto da vontade de fazer tudo,de ter tudo;
Gosto mais do abraço,o beijo vem depois,porque gosto de aproveitar o gosto do frio na barriga que vem antes;
Gosto do dia e da noite,mas dispenso o gostar da tarde e da madrugada;
Gosto de sentir sono e ficar acordada,rindo desse peso que os olhos gostam de ter;
Gosto do namorado,do amigo e da amiga,porque gosto de ser gostada;
Gosto do frio e do quente,do quente no frio e do frio no quente;
Gosto da chuva e do sol,mas gosto mais ainda dos dois casados.Até eles devem gostar,pois saem por aí exibindo sua aliança de sete cores por tanto gostarem um do outro;
Gosto da cor,do cheiro,do gosto.Gosto de descobrir a cor do cheiro e o cheiro do gosto;
Gosto de ganhar (e quem não gosta?) só pra ter o gostinho de vitória nas mãos;
Gosto de ler,de ver,de ouvir.Gosto de gostar do livro e da música,de lembrar de alguém em um refrão,mas só alguém que eu goste;
Gosto de andar,de sorrir e de fazer careta.Dizem que as pernas cansam e as rugas surgem,mas gosto de envelhecer pra sentir o gosto do tempo,que não deve gostar muito da gente;
Gosto de falar e de gente.Gosto também de falar de gente;
Gosto da mãe,do pai e da irmã.Gosto da bronca que eles dão por se preocuparem: é sinal que gostam de mim;
Gosto de ser atenta e de vez em quando de me guardar,porque gostar de mim também faz parte.
Gosto de ficar doente.Gosto da água que parece gelada quando a febre me desanima;
Gosto de acordar cedo e aproveitar melhor o dia,mas acordar tarde também é gostoso quando se gosta de estar cansado;
Gosto de saber e de não saber,porque saber me faz inteligente,mas a curiosidade do não saber me faz gostar bem mais de inteligência;
Gosto do papel,porque ele não reprime nossos gostos e nem corrige nossas ideias,e é por isso que eu gosto de escrever,mas nunca perguntei ao papel se ele gosta de ler,porque papeis não gostam muito de falar,e quando falam,só dizem aquilo que nos faz gostar,e quando mal-humorados,desgostar.
Gosto do medo e do terror,porque há sempre a mão de alguém que eu goste de segurar;
Gosto de gritar e sentir a garganta doer,a voz falhar e o ar faltar,porque gosto dos sons e dos ecos que eu emito;
Gosto do vazio,mas igualmente do cheio.O vazio me mostra como eu gosto do cheio,e o cheio me faz gostar do vazio;
Gosto da obrigação,do direito e do dever.Tudo isso me faz gostar de ser cidadã e voltar em outros tantos "gostares" da vida;
Gosto mesmo é de terminar,e terminar bem,com um ponto final bem escuro,que dá aquela sensação gostosa de coisa bem feita,de dever cumprido;
Gosto de escrever forte e ver o papel enrolar.Por falar nisso,o coitado já nem deve gostar de mim,de tão cansado que deve estar.Vou dizer a ele só mais uma coisinha: gosto de deixar as pessoas cansadas de mim,só pra ver do que elas gostam.

O texto é meu mesmo :)

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