2.8.13

Na janela do carro ao lado a gente parecia um casal feliz. Enquanto você reclamava que meus pais sempre estavam em casa, eu ouvia sua falsa raiva pensando no pé quebrado da sua cama, que desde o mês passado você tinha prometido que ia consertar. Mas eu pensava nisso só pra não te perguntar sobre a fulana, sobre quando vocês iam se deixar pra lá, e também pra não perguntar sobre a gente, porque a gente ainda não existia.
No carro ao lado, somos um casal feliz ao som de qualquer música. Somos esse amor fingido que se esconde nas broncas apaixonadas. Essa implicância com a sujeira dos seus sapatos ou com meu cabelo que eu não lavei de propósito, pra ver se você notava ou fingia que não. Ainda bem que no carro ao lado, nós não somos nós.

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