27.1.13

Quando eu era pequena, a vida costumava ser um tantinho mais legal. Eu achava que dor era só de dente, lágrima era só de manha, bronca era só de pai e beijo era só de mãe. Achava que surra só vinha do cinto, azedo só do limão e amargo só do café. Eu gostava de dizer que a vida era feita de viver, gostava de fingir que sabia tudo de tudo e até brincava de estar sempre certa, e ninguém me dizia o contrário. Era tudo um bocadinho mais interessante, sei lá, mais "vivível".
Hoje eu não sinto mais aquela dor de doer, nem choro mais aquela lágrima de quem só quer dormir, e fico fingindo que as broncas do meu pai ainda são por causa da parede rabiscada ou das brigas bobas de irmãs. O azedo e o amargo eu já não sinto na ponta da língua e a vida parou de ser aquela coisa incrível que mudava sempre que dava a hora de acordar. A vida agora ficou cheia de saudade, de umas coisas que eu não queria que estivessem aqui.
Poxa, vida.

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