Inspiração não se aposenta nem morre. É tudo aquilo que não existe, ou existe em particular, feito dor de ouvido, alergia e coceira: incomoda feito o diabo. Se finge de dia azul, de árvore vermelha, de olhos fundos, de boca alva, pele esguia. Embebeda os desprevenidos, enfrenta os destemidos, entende os arrependidos. A inspiração vem para aqueles que almejam os perdões, para aqueles que não se contentam com a vida. É um aplicativo pesado para a memória.
Inspiração louca essa que vem de homem pra homem, pra mulher e criança, que transmite como doença, e não há cura (e por quê haveria?). Ou aquela, que vem de dentro, e insiste em sair, em declamar, perturbar. Aquela que é doença da alma: não se pode fugir de si mesmo. Inspiração, que vem do ar que disputa espaço dentro das veias, que se disfarça de loucura. É o verbo no seu estado puro, pois inspira a ação.
E de se inspirar, expirar, aspirar, há toda a vontade de se fazer entendido, justificado. Há toda a vontade de se aposentar e falecer. Há toda a vontade.
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