Quero largar tudo e viver de escrever. Nenhum propósito me parece tão proposital, assim como nenhuma vontade me foi tão forte. Vou largar tudo e me dedicar ao nada. Largar tudo e me apegar ao tudo. Meu tudo. Minhas linhas, minhas ausências. Não quero bagagem nenhuma, mala, roupa, comida... eu me viro. Eu quero o que as letras têm. Eu quero essa coisa de ser desenhada. Quero em mim as mão certas.
Quando eu largar tudo, nenhum rico terá compaixão pelos meus erros, nem os espíritos assombrarão minhas escolhas. Vou ser livre de mim. Se eu largar tudo, não quero que ele volte de joelhos. Quero só o meu papel e pronto. Dispenso até a inspiração. De repente, até o papel... Vou escrever só pra mim, porque só eu vou entender qual dinheiro é capaz de comprar o entendimento das minhas palavras.
Vou largar tudo. Vou fazer da escrita minha doença, porque é dela que quero morrer.
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