8.12.09

16

Andando ali naquela rua pela milésima vez,quis saber quem havia dado permissão ao céu,às árvores e à praça pra ficarem me perturbando.Aqueles sussurros já estavam virando uma gritaria infernal,e eu estava cansada.Aumentei a música o mais alto que os meus tímpanos conseguiam suportar,e de repente os acordes também resolveram se manifestar.A música que começou a tocar já era minha velha conhecida,e dele também.Desisti de ouvir música.
O caminho era longo,um ou dois quilômetros... talvez três.Não importa,eu teria de continuar andando,assim como a chuva continuaria caindo e as pessoas me olhando torto.Não era da conta dos outros se meu tênis estava sujo ou se meus óculos me deixavam com um ar intelectual demais,tão intelectual que nem cabia que eu o usasse.Se eu me encolhia de frio e tentava secar o meu casaco com as mãos,isso era coisa minha.O guarda-chuva esquecido era meu.
A partir dali eu tinha que ir sozinha,porque os prédios e as vielas movimentadas haviam ficado para trás.Se nada tivesse acontecido antes,talvez eu não estivesse sozinha.Mas agora tudo indicava que... que era essa a minha verdade então.E o que fazer senão aceitar?
Deixei pra trás as pessoas,os medos,os gritos daqueles objetos estranhos e entrei em casa.Deixei no tapete a velha Maria,aquela que anda sozinha no caminho pra casa,que anda sozinha pra resolver qualquer coisa,sempre séria,sempre triste e estranha.Abri o habitual sorriso.
Os 16 estão chegando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

say what you will say