Hoje eu saí de casa com a sua roupa preferida, ou talvez tenha sido assim que comecei a chamá-la desde o dia em que você a elogiou. Eu não tinha esperanças de te ver nem naquele dia ou naquela semana. Na verdade eu estava me preparando pra te encontrar no próximo ano, com a cara lavada de promessas que você não cumpriu. Mas eu te encontrei sem querer e por sorte eu estava com a sua roupa preferida.
Seu mau hábito de não reparar em mim me deixou acostumada a sofrer tudo de uma vez. Enquanto eu ria de uma história ou outra, vi nos seus olhos que você nunca ia deixar de ser o mesmo. Mas talvez eu estivesse encarando meus próprios olhos, não sei dizer. Parados ali, éramos dois bobos com um desejo incontrolável de alimentar o próprio ego. E a nossa lei era bem clara: jamais passaríamos vontade.
Amanhã vou sair de casa com o seu sapato favorito. Só não note a sujeira.