Sinto vergonha de nunca mais ter escrito nada de bom. Na verdade, sinto vergonha de ter escrito um milhão de textos com a minha caligrafia esquisita, torta, inclinada, sei lá... Sei que deixei tudo escondido no meu caderno, e não levei ele pra nenhum outro lugar senão o fundo do meu armário. Deixei ele lá, fermentando a minha timidez em níveis altíssimos, e esqueci que não sei mais o que é me dizer, me contradizer. Esqueci como se pega o papel de jeito.
E aí eu fico me lamentando, porque é como se fosse uma tatuagem recém-feita na minha pele, ainda ardendo feito o diabo, mas sempre com alguém pra dizer "Sua idéia foi muito legal!", "Não gostei muito, mas agora é pra sempre, né? Não tem como mudar..." Não tem como mudar. E aí me recomendam de não comer pimenta, não tomar leite e nem chegar perto do chocolate! E eu fico usando camisetas de manga longa, tentando esconder o que não se vê por aí... Mas tudo bem, talvez meus netos me achem uma vovó radical. No máximo, vão me dizer que sou idiota e o escambau.
Mas de qualquer maneira, nada que o bom humor não resolva. Nada que resolva o bom humor. Nada que o bom resolva com humor.
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