6.5.11

Manual do Crontista

Para ser um crontista, não precisa de muita coisa. No máximo, uma inspiração fajuta e algumas linhas disponíveis no caderno. Você precisa também ter a mente aberta e aceitar todos os tipo de crítica que a vida pode lhe oferecer, aquelas bem chatas e de curvas sinuosas, embora eu tenha a absoluta certeza de que o maior medo deva ser o elogio. Esse camarada é o principal responsável pela inadequação do super-ego. Em outras palavras, ele é o cara que vai te fazer um belo egoísta filho-da-mãe, daqueles que usam a licença poética pra qualquer erro porco de ortografia.
A principal arte do crontista é não saber escrever nem conto e nem crônica. Ele deve saber a teoria básica, um humor que poucos entendem e um mistério banal, alguma coisa que beira o ridículo. Não sei se vocês já ouviram esse ditado, mas um contista sabe contar uma piada sem-graça como ninguém!
Aliás, se você quer ser um crontista, não invente de se aventurar nas águas açucaradas dos romances, e muito menos se atreva a por no papel letras que componham uma poesia. Os romancistas e os poetas têm suas almas guardadas em um relicário. A sua, quando muito, vai ser vendida numa cantina de beco, daquelas bem porcas. E vá se acostumando com isso...
Gostaria muito que vocês não me levassem a mal. Crontistas são uns diabos velhos, que se contentam com pouco, que moram num apartamento de um quarto (e quando moram!), e que comem as sobras das outras obras-primas. E de obra em obra, acabam aprendendo que não nasceram pra escrever.

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