30.3.11

Dezessete anos, todos eles mais do que suficiente para me enquadrar em um porta-retrato diferente a cada trezentos e sessenta e cinco dias depois do dia dezoito de janeiro. E lá, bidimensional, a mesma cara, gorda e magra, inocente e vulgar, desdentada ou com dentes metálicos. Em todos eles, a fulana Maria.
E depois de seis mil duzentos e cinco dias que eu respiro, ainda a mesma que se propõe ao papel de ridículo, colhendo água do poço das controvérsias. E só eu pra me culpar, pois me avisaram (e ainda me avisam!) que essa água é tão salgada que arde a garganta e seca a boca num segundo que a gente prefere que não exista. E minha boca, de tão seca, não sente nem sabor e nem vontade, e não há água que se infiltre, nem gelo que se dissolva.
Mas quem mais para me julgar nesse mundo senão eu?

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