- Qual é o livro da sua vida?
- Que vida, se eu nem vivi tudo o que eu tenho pra viver ainda?
- Você não sabe se pode morrer amanhã.
- Mas também não sei se posso viver. Ou se posso deixar de viver, mesmo que ainda viva.
- Tá, muito complexo. Você ainda não me respondeu.
- Por que você não pergunta qual é o livro que eu mais gosto? Eu posso ter muitos momentos e achar que qualquer livro sirva. Isso não é vida, são só momentos. É isso que você quer saber, um momento marcante da minha vida que se relacione com qualquer livro.
- Mas eu tenho um livro pra minha vida.
- Então você não tem vida. O livro da minha vida é ela mesma.
- E esse discurso clichê? E outra coisa, não é nem você a autora desse livro.
- E por quê eu não sou?
- Porque você não sabe a hora de por um ponto final.
- Se eu souber, posso escrever uma trilogia.
- Mas não sabe, porque não existem três vidas em uma pessoa só.
- Eu sei escrever os meus parágrafos, pelo menos. E sei começar novos capítulos também.
- Mas uma boa autora que se preze, sabe dizer onde é o final do livro. Você sabe?
- Você sabe?
- Não, mas eu não disse que o livro da minha vida é a minha vida.
- Então fica assim... o livro da minha vida é Dom Casmurro.
- Dom Casmurro por quê?
- Ah...
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