Ela era uma mulher e ninguém.E amava ser ninguém,talvez porque isso a desse uma personalidade única.Todo mundo era alguém,mas ela...ah,ela era o tal ninguém.Queria ser e os fez assim.As respostas nervosas sempre davam nela um friozinho na barriga,como se ela fosse o assunto.Quem fez isso? ...ninguém.
Soava triste falar sobre ninguém.Ele parecia interessantemente entediante.Ninguém não era assunto,mas ela adorava.As vezes o assunto morria em ninguém,ficava no ar.Ela gostava disso,por isso havia escolhido ser ninguém.Ela queria o assunto só pra ela,e talvez fosse egoísmo.Egoísmo de ninguém?É,egoísmo de ninguém.E aí ela começava a rir,não sozinha,porque ninguém a acompanhava o tempo todo.Ela gostava dele e ele dela,viviam em harmonia quase sempre.
Ninguém precisava cobrar sua opinião,ou pedir satisfações.E ela usava o silêncio para responder,aquele velho cúmplice,um quase-pai.O ninguém era um irmão mais novo,aquele chato que vivia no pé dela,ria das espinhas feias,puxava cabelo e dormia na cama dela em noite de tempestade.O silêncio defendia ela,bronqueava o irmão quando ele passava dos limites.E como poderia a harmonia viver com tanta gente?É que ela era uma quase-mãe.
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